História

Um sonho construído com fé, sacrifício e amor ao próximo

A história da Santa Casa de Prados começa com um homem que enxergava além de seu tempo: o Padre Assis.

Ordenado sacerdote em 08 de dezembro de 1935, ele atuou na Ordem Terceira do Carmo até ser nomeado, de forma definitiva, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Prados, em 06 de maio de 1937.

Desde que chegou à cidade, Padre Assis se mostrou profundamente sensível ao sofrimento da população. Prados, na época, enfrentava grandes dificuldades em áreas essenciais como saúde, educação e acolhimento dos viajantes que por aqui passavam.

É difícil imaginar, nos dias de hoje, como eram as condições naquela época. Não existia SUS, telefone e muito menos transporte adequado para levar um doente até São João del-Rei. As poucas pessoas com recursos pagavam por médicos e condução particular. Já os mais pobres, então chamados de “indigentes”,  vinham a pé da zona rural ou em lombos de burro em busca de socorro. Havia apenas um médico para atender toda a região. O atendimento era extremamente limitado e, muitas vezes, a única saída era cuidar do paciente em casa, com remédios caseiros, e rezar por um milagre.

O sofrimento era imenso. Imagine uma mulher em trabalho de parto sozinha na roça. Ou uma criança doente, sem diagnóstico e sem tratamento. Era a realidade cruel enfrentada por tantas famílias.

Diante desse cenário, o coração do Padre Assis se encheu de compaixão. E foi então que, no dia 30 de setembro de 1945, ele abençoou a pedra fundamental da Santa Casa de Misericórdia de Prados – símbolo da fé, da esperança e do compromisso com a vida.

Começava ali um sonho coletivo, uma missão de amor.              

Padre Assis convocou homens e mulheres de boa vontade. Percorria a cidade, os distritos e até as cidades vizinhas, muitas vezes montado em burro, voltando com os pés inchados e as pernas feridas. Tudo em nome da solidariedade.

Inspirado por São Vicente de Paulo, reuniu nomes importantes da cidade:

•             Dr. João Brasil (Juiz de Direito da Comarca),

•             Getúlio Silva (Prefeito Municipal),

•             Dr. Antônio Josino dos Santos (único médico de Prados) , e tantos outros que acreditaram no propósito.

Para equipar o hospital, contou com o apoio do Cel. Benjamim Ferreira Guimarães, tio-avô do saudoso Júlio Sena, grande industrial de Belo Horizonte e fundador do Hospital da Baleia. Por sua generosidade, o primeiro pavilhão da Santa Casa de Prados recebeu seu nome numa placa de mármore, como justa homenagem.

Finalmente, em 30 de janeiro de 1946, a Santa Casa foi inaugurada. Um marco histórico. Um alívio. Um refúgio.

Padre Assis ainda trouxe para a instituição as Irmãs Vicentinas, mulheres de fé e dedicação incondicional. Muitos se lembram da Irmã Paula, que cuidava da horta, da cozinha e dos alimentos, e da Irmã Genoveva, enfermeira que zelava com carinho de cada paciente, praticamente sozinha.

Com o tempo, foram contratadas duas atendentes de enfermagem, que se revezavam em plantões de 24 horas. Algumas pessoas ainda guardam na memória os nomes de Maria e Zé, rostos conhecidos e amados.

Vieram também os primeiros médicos para acompanhar os pacientes internados e ficarem de sobreaviso à noite: Dr. Duque, Dr. Juraci… E então, em janeiro de 1980, chegavam o Dr. Silvestre e a Dra. Carmen – nomes que se tornariam fundamentais na nova fase da Santa Casa.

Dr. Silvestre foi incansável. Ofereceu cursos de capacitação, transformando atendentes em técnicos de enfermagem. Construiu uma equipe qualificada, organizou escalas e estruturou o setor de enfermagem. Implantou o laboratório de análises clínicas e, mais tarde, o terceirizou ao LaboPrados. Trouxe novos serviços: raio-X, eletrocardiograma e pequenas cirurgias.

Uma obra que não termina, porque sempre evolui

Um hospital nunca está finalizado. Sempre há algo a ser construído, melhorado, refeito. Porque quem trabalha com a vida, trabalha com o que há de mais precioso.

Hoje, todos nós: Diretoria, Administração e colaboradores; seguimos com o mesmo espírito de Padre Assis: dedicação, fé e compromisso com a vida.

A história da Santa Casa de Prados não é feita apenas de tijolos e paredes. Ela é feita de mãos estendidas, de corações abertos, de histórias de superação e cuidado. É um patrimônio vivo, escrito por cada um que passou por aqui: pacientes, funcionários, voluntários e benfeitores.

Seguimos juntos, por um futuro de qualidade, acolhimento e esperança.